Fez-se história. É essa a conclusão que podemos tirar do dia 22 de Junho de 2010. Eu, como muitos dos fãs do metal, fiquei frustrado por não conseguir assistir a transmissão do show do Big Four nos cinemas. Como estamos falando de um dia histórico, o mais óbvio seria que seus registros ficassem nos anais da indústria fonográfica.
Graças a Deus (ou não), o DVD com as apresentações de Anthrax, Megadeth, Slayer e Metallica foi lançado no fim de 2010. Para a minha alegria, a do meu irmão, dos meus amigos e até da minha vó, vimos shows memoráveis. A grata surpresa, pelo menos para mim, foi o Megadeth parecer uma banda feliz no palco. Foi, ao lado do Metallica, o melhor show da edição búlgara do Sonisphere, que aconteceu também em países como República Tcheca, Romenia, Hungria e Bélgica.
Bom, chega de nariz de cera e vamos falar do que interessa: a música.
É bom escrever do que se gosta, portanto não medirei palavras para descrever o que pude assistir desde retrato fiel do que significa amor à música. Essas bandas, definitivamente, amam o que fazem. Com exceção do Slayer, que não conseguiu evitar demonstrações de inveja e anti-companheirismo, o Big Four se tornou uma unidade no meio musical, finalmente.
Foi bom ver Lars Ulrich, James Hetfield e Dave Mustaine no palco, juntos, mandando ver uma barulhenta jam de "Am I Evil", clássico do Diamond Head. Foi bom ver, também, o Anthrax com Joey Belladona nos vocais. Dá o carisma necessário, que é o que falta a muitas bandas hoje em dia e é o que sobrou no Anthrax.
O show do Anthrax foi initerrupto. São músicas relativamente curtas em comparação com outros clássicos do metal, principalmente do Trash Metal. Mas, pouco importa. Ver "Got The Time" e "Madhouse" serem despejadsas em cima do público é de encher os olhos. São músicas vibrantes e pegajosas, mas que possuem sonoridade e melodias e perfeito equilíbrio. Traduzindo: as músicas do Anthrax são felizes, na contramão do Metal. Isso os fazem ser grandes.
Depois de uma hora de Belladona e sua turma, foi a vez da chuva introduzir a perfeição do show do Megadeth. A qualidade e a musicalidade da banda estão no auge, mesmo com a falta de identidade. A volta de David Elfleson à banda fez muito bem, principalmente a Dave Mustaine, que esteve impecável. Não dá pra cobrar muito dos seus vocais, mas, eles não comprometem as músicas perfeitas do Megadeth. Até a novata "Headcrusher" coube no repertório clássico de Mustaine. Destaques, claro, "Holy Wars"; "Hangar 18", "A Tout Le Monde" e, o que pra mim é a melhor música do Megadeth "Peace Sells".
Uma hora depois, chegou a vez do Slayer. Pra você que não conhece Slayer, ou metal, enfim... escute apenas uma música da trupe formada por Kerry King, Tom Araya, Dave Lombardo e Jeff Hanneman... escute Raining Blood, ou War Emseble. São suficientes. As músicas do Slayer são, com todo respeito, iguais umas as outras. Você não consegue aproveitar as músicas todas juntas num concerto. Não há quebra de rítmo ou de clima. Há só a raiva e o peso desses gigantes. Eu até gosto, mas não acho que a setlist montada por eles foi digna do festival. Pra quem quer um bom bate-cabeça, ótimo, Slayer é a pedida. Mas distoou do restante.
Antes de falar do Metallica, vale o registro do documentário de 50 minutos, que contou os bastidores do dia 22 de Junho. É bom ver que, mesmo 30 anos depois de suas fundações, essas bandas tem alegria e prazer em tocar para seus fãs. O destaque desse vídeo é um... ou melhor, dois: o fã louco que tatuou Kerry Ling inteiro em suas costas e Lars Ulrich sendo castigado por Deus, confessando a Dave Mustaine que seu filho, Myles Ulrich, tem como banda favorita o Megadeth.
Bom, o Metallica. Oras... quem acompanha este blog sabe da minha paixão pela banda. Portanto serei breve. O Metallica mostrou porque é a maior dentre as bandas do Big Four. Tem peso, tem velocidade, tem melodia, tem romantismo, tem ódio, tem harmonia e tem carisma. O set foi bem montado e dentro do esperado. Duas das músicas do Death Magnetic foram tocadas, "Cyanide" e That Was Just Your Life", que couberam bem no repertório bem old school da banda naquela noite. A jam de "Am I Evil" com as quatro bandas, tirando o Slayer, que se recusou a participar, com exceção de Dave Lombardo, foi mágica.
Seria injusto fazer um 'faixa a faixa', por isso, prefiro relatar as emoções que cercaram esse momento e dizer aos leitores desse blog que os fãs do metal são os maiores privilegiados do cenário musical. Além de serem músicos fora de série, percebe-se que são pessoas que se preocupam com seus fãs, ao contrário de alguns artistas do cenário pop (Leia-se Amy Winehouse).
Vale a pena comprar este DVD. É um registro histórico e uma prova mais do que concreta do que o metal e do que o rock é capaz de fazer.
Ficha Técnica
"Big Four" Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax - Live in Sofia, Bulgária
Gravadora: Universal Music
Local: Vasil Levski National Stadium, Sofia, Bulgária, 22 de junho de 2010
DVD 1
Anthrax
- Caught in a Mosh
- Got the Time
- Madhouse
- Be All, End All
- Antisocial
- Indians/Heaven & Hell
- Medusa
- Only
- Metal Thrashing Mad
- I Am the Law
- Holy Wars... The Punishment Due
- Hangar 18
- Wake Up Dead
- Head Crusher
- In My Darkest Hour
- Skin o' My Teeth
- À Tout le Monde
- Hook In Mouth
- Trust
- Sweating Bullets
- Symphony of Destruction
- Peace Sells/Holy Wars Reprise
Slayer
- World Painted Blood
- Jihad
- War Ensemble
- Hate Worldwide
- Seasons in the Abyss
- Angel Of Death
- Beauty Through Order
- Disciple
- Mandatory Suicide
- Chemical Warfare
- South of Heaven
- Raining Blood
Metallica
- Creeping Death
- For Whom the Bell Tolls
- Fuel
- Harvester of Sorrow
- Fade to Black
- That Was Just Your Life
- Cyanide
- Sad but True
- Welcome Home (Sanitarium)
- All Nightmare Long
- One
- Master of Puppets
- Blackened
- Nothing Else Matters
- Enter Sandman
- Am I Evil? c/ Dave Lombardo, Megadeth, and Anthrax
- Hit the Lights
- Seek & Destroy
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